Hoje, logo pela manhã, fui numa incumbência à Baixa de Lisboa . Ao passar a pé pela lateral da Câmara Municipal, vi um certo aparato: uma fila de carros daqueles muito antigos mas todos reluzentes e nos trinques, que não passavam despercebidos. Junto deles um grupo de homens todos bem vestidos e policia mais do que é costumo. Pensei que fosse uma exposição de automóveis do género.
Por volta das 14 horas, encaminhava-me para casa e ao passar pela Rua da Conceição ouço uma grande algazarra, o pessoal a vir às portas e novamente os ditos carros. Então, eram as noivas de Santo António! Vinham todas sorridentes e frescas, acompanhadas ,cada uma, de uma senhora, talvez as respectivas mães. Iam no banco de trás,e o motorista à frente a buzinar num som rouco. Já não fui para casa! Dei meia volta e encaminhei-me para a Sé...Ainda vi as noivas entrarem , também vi uma senhora tropeçar no tapete vermelho e dar um malho...
![]() |
foto do Google |
Enquanto acontecia a cerimónia no interior da Sé, um grupo de senhoras e senhores, dos seus setenta anos, fizeram questão de o dizer, e que estavam junto a mim, começaram a contar coisas do antigamente. Disseram que no passado havia vários requisitos para se casar nas Noivas de Santo António. Um deles era um documento médico comprovando a virgindade da noiva. Que vexame! Ainda bem que os tempos mudaram!.. Muito mais relataram e me fizeram divertir. Gosto imenso dessas espontaneidades de convivência sem nenhum compromisso. É tão saudável! Cada vez gosto mais. Sinto-me livre e ao mesmo tempo acompanhada. Coisas minhas!...
Quando os noivos saíram da igreja ouviu-se a Banda Filarmónica da Carris tocar o tema, "O Barco do Amor" ( The Love Boat ) Muito bem tocado. Uma nuvem de confeites brancos e rosa saiu de um aparelho à pressão, envolvendo os noivos e quem estava por perto.Tudo contribuindo para um ambiente mágico. Ai foi lindo!... Até comentei para uma senhora: parece que estamos a ver um filme! Ela concordou.
Resumindo: O preconceito é um sentimento feio! Confesso que o tinha em relação a este género de casamentos. Ou melhor, achava algo piroso, mesmo sem nunca ter visto ao vivo esta cerimónia . Achava uma seca assistir a tal acontecimento na TV e apenas conhecia através da comunicação social, desde os tempos da Crónica Feminina , revista que minha mãe assinava. Decorridos 27 anos da minha vivência no Continente presenciei, pela primeira vez, ao vivo e a cores os casamentos de Santo António, assim do nada e adorei todo o ambiente. Tive imensa pena de não ter levado máquina fotográfica... Que raiva!...Resta-me as imagens no meu cérebro e este registo. As fotos apresentadas neste post são da Net.