sexta-feira, 12 de junho de 2015

12 de Junho de 2015, dia para recordar



Hoje, logo pela manhã, fui numa incumbência à Baixa de Lisboa . Ao passar a pé pela lateral da Câmara Municipal, vi um certo aparato: uma fila de carros daqueles muito antigos mas todos reluzentes e nos trinques, que não passavam despercebidos. Junto deles um grupo de homens todos bem vestidos e policia mais do que é costumo. Pensei que fosse uma exposição de automóveis do género.

Por volta das 14 horas, encaminhava-me para casa e ao passar pela Rua da Conceição ouço uma grande algazarra, o pessoal a vir às portas e novamente os ditos carros. Então, eram as noivas de Santo António! Vinham todas sorridentes e frescas, acompanhadas ,cada uma, de uma senhora, talvez as respectivas mães. Iam no banco de trás,e o motorista à frente a buzinar num som rouco. Já não fui para casa! Dei meia volta e encaminhei-me para a  Sé...Ainda vi as noivas entrarem , também vi uma senhora tropeçar no tapete vermelho e dar um malho...

foto do Google
Começa a homilia com um coro a cantar bem. Podia se ouvir no exterior porque havia altifalantes. E eu bem sentada num banco debaixo de uma árvore, de frente para a Sé, apreciando todo o panorama, numa de relaxe. Turistas eram muitos e de vários países, avaliar pelos idiomas. Estavam com sorriso de orelha a orelha e um bocado espantados. Começa o sermão. Às tantas o padre diz que num relacionamento matrimonial a mulher tem de ser virtuosa para que o seu marido dure mais anos...Os homens tinham de ser as suas fortalezas. Disse mais coisas do género que me fez lembrar o Jornal das Moças, dos anos 50 do século XX. Fez-me rir! Tenho pena de não ter decorado os outros conselhos...Nem queria acreditar no que ouvia!

Enquanto acontecia a cerimónia no interior da Sé, um grupo de senhoras e senhores, dos seus setenta anos, fizeram questão de o dizer, e que estavam junto a mim, começaram a contar coisas do antigamente. Disseram que no passado havia vários requisitos para se casar nas Noivas de Santo António. Um deles era um documento médico comprovando a virgindade da noiva. Que vexame! Ainda bem que os tempos mudaram!.. Muito mais relataram e me fizeram divertir. Gosto imenso dessas espontaneidades de convivência sem nenhum compromisso. É tão saudável! Cada vez gosto mais. Sinto-me livre e ao mesmo tempo acompanhada. Coisas minhas!...


Quando os noivos saíram da igreja ouviu-se a Banda Filarmónica  da Carris tocar o tema, "O Barco do Amor" ( The Love Boat ) Muito bem tocado. Uma nuvem de confeites brancos e rosa saiu de um aparelho à pressão, envolvendo os noivos e quem estava por perto.Tudo contribuindo para um ambiente mágico. Ai foi lindo!... Até comentei para uma senhora: parece que estamos a ver um filme! Ela concordou.

Resumindo: O preconceito é um sentimento feio! Confesso que o tinha em relação a este género de casamentos. Ou melhor, achava algo piroso, mesmo sem nunca ter visto ao vivo esta cerimónia . Achava uma seca assistir a tal acontecimento na TV e  apenas conhecia através da comunicação social, desde os tempos da Crónica Feminina , revista que minha mãe assinava. Decorridos 27 anos da minha vivência no Continente presenciei, pela primeira vez,  ao vivo e a cores os casamentos de Santo António, assim do nada e adorei todo o ambiente. Tive imensa pena de não ter levado máquina fotográfica... Que raiva!...Resta-me as imagens no meu cérebro e este registo. As fotos apresentadas neste post são da Net.