terça-feira, 14 de julho de 2015

Festa dos Tabuleiros


Sempre tive curiosidade em ver a Festa dos Tabuleiros, que se realiza de quatro em quatro anos, na cidade de Tomar. Este ano, finalmente,  fui lá vê-la  no Sábado, dia 11 de Julho de 2015. Escolhi este dia por ser mais calmo do que o Domingo, que é mais solene e completo. Vi apenas uma amostra do cortejo, o que já foi bem bom!


É diferente de tudo o que já presenciei em manifestações  de cultura religiosa e pagã. Impressionante aquela forma de construir os tabuleiros, Cada um leva 30 pães enfiados em canas, enfeitados com flores variadas e com mistura de criatividade. No cimo tem uma coroa e uma pomba. A base é um cesto envolto num pano com renda. A senhora ou menina, que carrega o tabuleiro  à cabeça, veste de branco. O vestido está ornamentado com rendas ou bordado inglês. Parece que o tamanho da mulher , em altura, tem de ser igual ao do tabuleiro. Cada uma vem acompanhada de um cavalheiro para ser ajudada. Aquilo não deve ser fácil de levar. O homem veste calças pretas e camisa branca, com  gravata da mesma cor da faixa da senhora. É tudo tão colorido e alegre. Aliás, os participantes  do cortejo pedem aos visitantes palmas e dizem: VIVA A FESTA.! Nunca tal vi!...Que engraçado!


Esta Festa está relacionada com o culto ao Divino Espírito Santo, que teve origem em manifestações pagãs. Serviam de agradecimento a uma deusa pelas colheitas  dos produtos agrícolas. A rainha D. Isabel, esposa do rei D.  Dinis, tornou-a  mais cristã, de solidariedade para com os mais necessitados,  e democrática, onde todas as classes sociais participavam em confraternização e alegria . De facto, muitas das ruas dessa cidade vestem-se de coloridos, tornando-as muito alegres e cheia de vida. Mesmo com grandes quantidades de forasteiros, que são aos milhares, é  tudo bastante pacifico. Foi o que me pareceu. Logo eu que temo multidões e confusões, mas não foi o caso... pelo contrário!


É uma das maiores manifestações de culto  e das mais antigas de Portugal.  Penso, mas não sei  bem, que as festas do Espírito Santo, nas ilhas dos Açores, tem origem na cidade  de Tomar. Apesar de haver diferenças nos festejos há, no entanto,  partes comuns que se assemelham. Gostei muito e valeu bem a pena ter lá ido. Gosto de festas populares de cariz Histórico e genuínas. Esta de certeza que é!


Fachada de um dos muitos edifícios ou casas enfeitados.


Esta casa estava linda. A foto não faz justiça à sua criatividade e beleza.


Aqui, na Mata dos Sete Montes, assim se chama, são recolhidos as centenas dos tabuleiros onde ficam em exposição . Tudo maravilhosamente mágico!

domingo, 12 de julho de 2015

Apelido de origem judaica...


Não sei  onde vem a minha curiosidade por conhecer histórias sobre o judaísmo . Se pensar para trás, na minha infância ou adolescência, lembro-me da minha mãe contar que o meu avô materno relatava casos sobre judeus, porque conviveu com eles quando esteve emigrado em Boston, nos EUA. Isto nas primeiras décadas do século 20. Dizia que era um povo muito inteligente , muito bom para os negócios, até do lixo os judeus podiam criar riqueza. É mais que sabido que são pessoas como muito conhecimento e instruídas.  Segundo consta, os ganhadores  do prémio Nobel, muitos deles, vêm de famílias judaicas ou são judeus.


Conheço e já visitei o Museu Judaico de Belmonte, onde tem imensas referencias sobre o judaísmo , li há poucos anos o livro de Richard Zimber, "O Último Cabalista de Lisboa," que trata também dos mesmos assuntos.... Também gosto muito de  ouvir falar o seu autor. E ontem estive na Sinagoga de Tomar. Da primeira vez  que visitei esta cidade não foi possível... Por sorte estava uma senhora a dar uma palestra sobre aquele local de culto, outros ligados à religião judaica e sua história. Numa altura em que pronunciou os apelidos oriundos do judaísmo, um deles incluí um dos meus, que é Ribeiro. A sério? Ora cá está as minhas reminiscências! Será?...
Não é muito fácil encontrar a Sinagoga de Tomar . A melhor referência é o restaurante  "Casa das Ratas,"nome curioso !  Chegando a este restaurante,fica um pouco mais acima do lado esquerdo da mesma rua, na parte histórica da cidade.


quarta-feira, 8 de julho de 2015

A Rua Áurea ou d´Ouro, em Lisboa.


Nos meus primeiros tempos de vida no Continente, precisei ir à Baixa de Lisboa, mais precisamente à Rua d´Ouro, porque era lá que se encontrava uma loja da qual queria comprar algo, que agora não me lembro do quê. Ainda os Cacilheiros faziam travessia entre Cacilhas e o Praça do Comércio ou Terreiro do Paço. Atravessei a praça, encaminhei-me para a dita rua , olhei para a placa toponímica e p´lo que lá estava escrito não combinava com o nome da rua que pretendia. Lá andei nas outras ruas à procura do nome Ouro. Não encontrei e voltei à primeira onde tinha já estado. Cansada pergunto a um transeunte se sabia onde ficava a rua tal, tal. Meio sorridente responde-me: Está nela. Eu parvinha e ignorante digo, mas ali está escrito Áurea!... O senhor pareceu-me entendido e informou-me, entre outras assuntos históricos, que antigamente era assim que se escrevia Ouro. De facto, áureo está relacionado com objectos feitos em ouro, mas soube depois do meu "estrilho"... (risos)
Bom,de qualquer forma,  ao longo dos séculos a Língua portuguesa foi sofrendo transformações, mas nunca, penso eu, de um modo abrupto e forçado como o novo acordo ortográfico mais recente que, quanto a mim, é um absurdo!
Todas as vezes que passo pela Rua d` Ouro ou Áurea, foi o caso de ontem, lembro-me deste episódio. Nem sei como ainda se mantém aquela placa ou placas, ao longo da rua, daquela forma. Sim, porque poderia haver uma mente brilhante que a mandasse retirar...O que era mau, na minha opinião!